Como alguém cheio de argumentos muito bem elaborados, já começo jogando na sua cara esse protagonista fofíssimo. Prometo tentar fazer os demais pontos positivos se equipararem a esse.
Brincadeiras a parte, começo o post como sempre. Espero que esteja tudo bem contigo.
Há tanta coisa sobre a qual quero escrever, mas como o ato de sentar para, de fato, escrever faz tudo ir por água a baixo, optei por uma abordagem prática: bora falar de recomendação, porque todo mundo adora dar uma lista de quereres um pro outro.
Please Like Me é uma série australiana que estreou em 2013 e terminou em 2016.
Uma resenha bem corrida é: Joshua é um cara comum. Um jovem australiano fazendo uma faculdade pra qual ele não liga muito, seguindo a vida na medida do possível equilibrando dramas familiares sérios e alguns com lente de aumento (que sempre tem em toda família), amizade, uma vida complexamente (in)dependente e suas próprias crises abafadas, expostas, subliminares e uns momentos legais.
Basicamente: Dramas de jovem saindo da adolescência, umas paradas sérias, fragilidade humana e humor.
Sério, olha a cara de pateta dele, como resistir?
Parando agora pra pensar, não sei bem o que dizer pra convencer alguém a assistir essa série.
Pra mim foi uma escolha bem superficial a princípio.
Numa busca por LGBT no Netflix me apareceu por acaso, achei o design da imagem de "capa" da série bonitinho e adicionei a minha lista. Entre esse momento e o assistir passaram-se mais ou menos uns dois anos.
No começo me choquei um pouco com o tipo de humor.
Sempre fui meio chata pra piadinhas sexuais, mas no contexto da história elas são até que importantes pra fazer jus ao convívio de jovens na atualidade. Não é algo forçado em que você consegue antecipar os momentos da Risada de Auditório, são parte do diálogo entre amigos, não é relevante, não é nem o que eles realmente estão tratando na conversa, é justamente o modo como muitas pessoas falam do que choca pra abordar um tema sensível sem se abrir aos olhos de quem não a conhece.
Sei que parece um pouco de piração da minha parte, mas é realmente uma série muito, muito sensível.
Os personagens são bem construídos, mas demora um tempo até que você entenda e seja cativado por eles. Conhecer e entender cada um é um processo nada linear, porque a trama assim como a vida é totalmente imprevisível e cheia de acontecimentos que aparentemente não levam a conexão alguma, mas no fim marcam os indivíduos e os tornam quem são.
É engraçadinho, tem uma pegada super leve pra tratar de vulnerabilidade e doenças mentais e também retrata uma série de crises presentes na vida e que muitas vezes não são faladas.
Uma coisa que me fez parar e olhar a série com atenção foi o fato de o protagonista muitas vezes se colocar fora das situações em termos emocionais. Na verdade, ele e muitos dos secundários vivenciam as coisas mas não verbalizam o que foi causado. Eu cheguei a me incomodar em vários momentos porque "ele precisa falar, tem coisa demais guardada lá dentro" e isso é muito relevante.
É relevante porque é assim que vemos todos a nossa volta. A gente enxerga a pessoa passando pela vida, mas não tem a chave de acesso pros seus pensamentos. Tentamos nos colocar no lugar do outro, mas na realidade só conhecemos a nossa própria percepção e jamais teremos 100% da experiência alheia.
E é assim também na série. Você não tem como se colocar nos sapatos dos personagens, porque eles se mostram fechados e tão distantes como as demais pessoas da sua vida. O Outro, literalmente.
Isso te coloca numa posição impotente. Você pode assistir a série, mas não vai saber como eles pensam, porque você é você, tem acesso apenas ao seu repertório. E isso te mantém exercitando empatia.
Você se apega aos fragmentos que te dão, não a um briefing que define todos os porquês e mesmo assim escolhe abraçar aquelas pessoas.
Me parecem pontos altos o bastante pra dar uma chance pra essa série. É curtinha, tem só quatro temporadas e cada uma tem pouco mais de dez episódios. Vale a pena c: .
Espero que tenha dado pra entender, foi um post escrito de forma compulsiva e não sei se o nível de coesão de ideias tá aceitável.
Enfim, assista Please Like Me.
Beijo, abraço.