20/10/2018

Sobre viver sozinha


Oi!

Depois de um ano cheio de experiências que me fizeram amadurecer muito devido a enorme quantidade de tapas na cara tomados, acho importante fazer uma série de relatos do que vivi e como isso fez diferença não só no meu modo de ver o mundo hoje, mas também na maneira como eu me coloco a frente das coisas com uma postura diferente.

Bem, espero que sirva de alguma coisa. Quem sabe lendo as trapalhadas que dei alguém consegue evitar na sua própria estrada de tijolos amarelos?

Viver sozinha é mais fácil do que parece, já começo por aí.
Assim que cheguei em terras estrangeiras, fiquei num hotel enquanto procurava um apartamento definitivo. Durante esse período até que curtinho e bem antes dele sempre me achei incapaz de levar uma vida completamente independente.
Por anos tive pavor de sair do país, não conseguia me ver sem alguém morando comigo, sem companhia pras horas de ansiedade e medo do futuro, sem ninguém pra me dizer que as coisas ficariam bem não importando qual a crise da vez.
Pois bem, arranjei uma companheira de casa, era como se meu mundo estivesse com os pilares no lugar de novo. O que poderia dar errado? Tudo, basicamente.

Não que eu seja a favor de vidas heremitas e que o contato humano seja algo ruim, longe disso. Mas agora consigo ver que não é a companhia ininterrupta que nos fortalece, e sim a maturidade de conseguir ser autosuficiente e saber se cuidar, tendo noção das nossas próprias necessidades.
Todo mundo merece conseguir morar sozinho. Sério, é algo importante, ter vontade de conquistar algo só seu. Nada eterno, mas o suficiente pra se conhecer e se levar a sério no sentido de que "em caso de emergência, tenho a mim mesmo, e tá ok"

Depois de quatro meses horríveis, consegui me mudar e fui prum mini lugar de 18m². Foi a coisa mais libertadora que já fiz. Comecei a cozinhar pra mim, descobrir minhas medidas de consumo, o que eu realmente gostava de comer, o que me dava aflição e ficava até estragar.
Aprendi o meu método de limpeza, meus horários de pique pra cuidar das tarefas (porque convenhamos, não é com qualquer um que você pode começar a aspirar a casa ás 3 da manhã).
Comecei a aprender coisas novas, me entreter com assuntos que realmente importavam pra mim. Não tinha mais aquela obrigação em ir atrás do que agrada ao coletivo, era eu.

Comecei a me conhecer de verdade. Não era enquanto filho, estudante, jovem não contribuinte, o mais novo, era uma pessoa completa. Alguém 100% relevante.

Descobri que a vida pode ser mais natural, comecei a fazer escolhas de produtos que me agradavam. Passei a ter um estilo de vida mais reduzido, algo que combinasse com os meus ideais, que ressoasse comigo, não o que deixasse as pessoas menos intrigadas com as minhas escolhas "esquisitas". Não tinha a quem agradar, era pra mim.

Parece meio bobo, mas faz toda diferença. Aprender o que te faz bem é um caminho longo, a gente acha que se conhece, mas tenta ficar 6 meses por conta de toda uma casa e sua rotina.

Vai por mim, vale a pena e você merece.

3 comentários:

  1. Oi! Tudo bem?
    E eu a pensar que viver sozinho era mau. Bem eu sou daquelas pessoas que preciso de companhia, já basta ter ficado sozinha na primária porque me faziam bullying *risos*. Mas ainda bem que foi uma boa experiência para ti e que conseguiste conhecer os teus limites, as tuas rotinas, em conclusão conheceste a ti própria.
    Que tenhas mais experiências boas!

    Beijos!
    https://planet-curiosity.blogspot.com/

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  2. Toda vez que me imagino morando sozinha tenho um pensamento do tipo "eu vou fazer merda" ahah'
    lembrar desses pontos que tu falou, como amadurecimento e autoconhecimento, é algo que anima um pouco mais... acho que estou bem longe de ter essa experiência.

    Sobre seu post em sim, uau, morar um período fora do Brasil parece ser ainda melhor pra aprender coisas novas e ter experiências diferentes, sejam elas ruins ou boas. Até porque, mesmo se só der coisa ruim, a gente consegue resgatar nossa essência BR pra aproveitar nem que seja um pouquinho haha'

    Enfim, adorei seu post. Até <3

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  3. Camii, que bom te encontrar por aqui, sumido! Hehe <3 Nossa, essa postagem me impactou um pouco, admito. Sabe, desde que meu psicológico se agravou com o passar do tempo, passei a ter medo de morar sozinha, mesmo que, por outro lado, eu quisesse aproveitar minha própria companhia all by myself. Mas tudo isso que cê escreveu me fez abrir os olhos e mirar outras perspectivas, sabe? Obrigada por ser o salvador do meu mundinho (mais uma vez), meu chuchuzão. Estou ansiosa pelos próximos capítulos do "Guia do Mochileiro Tupiniquim" ;) Te amo!

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